21 de abril de 2008

Enquanto isso, durante o surto...

Tá. Não é novidade para mim que me inspiro para escrever logo após surtos de emoções fortes. Mas acho que nunca escrevi durante esse surtos, muito menos um de fúria, como eu vou fazer agora.

Não sei porque escolhi fazer jornalismo. Minto, sei sim. Porque quero me tornar escritora, e começar como jornalista vai me dar o status que eu preciso para conseguir lançar o primeiro livro. Mas não é somente isso.

Amo escrever, sim, e descobri que realmente gosto de escrever textos jornalísticos. Nada com muitos números e porcentagens, pois o texto fica meio que sem alma, mas crônicas devem ser um máximo.

Mas vamos nos concentrar no que eu quero falar, na verdade: jornalismo na sua essência. Um indivíduo que toma conhecimento do fato, anota os principais pontos, e redige um texto para que ele seja veiculado em meios de comunicação, com o propósito de informar e alertar as pessoas.

Isso costumava ser a definição de jornalismo. Mas cada vez acho mais que é apenas a definição da palavra.

Vou acabar chegando num assunto que não queria comentar aqui: o caso Nardoni. Não quero comentar por, 1) ser totalmente clichê, 2) ser uma atrocidade e uma falta de respeito ficar falando sobre isso como se fosse um caso de filme policial, como muitos andam fazendo e 3) minha opinião diverge da maioria esmagadora dos brasileiros. Oi? É.

Mas minha opinião não vem ao caso. Então, o que vem?

A porcaria do sensacionalismo feito pela imprensa. Ok, digam o que quiser: o casal é culpado. Mas o sensacionalismo feito por exatamente todos os canais e jornais é tanto quanto eles.

Inúmeros réporteres comentam o seguinte sobre a entrevista do casal acusado no Fantástico: "Eles, durante a entrevista, falam as mesmas coisas que nos depoimentos, sempre as mesmas frases." Agora, me diga: se eles falassem outras coisas, o mundo inteiro não os chamaria de divergentes e inconstantes?

Um exemplo que prova isso: o promotor do caso, que, por sinal, parece ser um excelente promotor, diz: "Eles na entrevista ao programa choraram, mas, nos depoimentos na delegacia, não mostraram esse tipo de emoção." Afinal, o que vocês querem? Que eles se mantenham sempre iguais, ou que variem?

Realmente, eu não acho que sejam inocentes: quem de nós é? Mas não sei se os acho culpados, também. Estou com, o que poderíamos chamar com o termo legal, a dúvida razoável. Acredito na perícia, mas não acredito em vizinhos que, com certeza, estão morrendo para aparecer na Globo. Mas esse não é o assunto, então, por favor.

Espero que um dia eu consiga transformar algo, por menor que seja, nessa indústria relativa à mídia. Claro, nem tudo será revertido, mas esse exagero dos fatos e todas essas "alfinetadas" feitas por jornalistas que eu considerava sérios está cada vez me desgastando mais.

Ufa, fiquei até tonta agora. Desculpem se fui incoerente ou confusa em algum momentos, mas, vocês sabem: é o calor do surto ;)

Um comentário:

Geraldo disse...

Incrivelmente, Roberta, eu também quero ser jornalista . E escritor. E começar a fazer crônicas.

Bem, o verdadeiro circo em torno do caso Isabella continua. E eu pergunto: se a família não tivesse as mesmas condições financeiras que tem, a mídia se importaria? Todos os dias morrem crianças no Brasil de modos desumanos.

Vi uma reportagem verdadeira e deplorável no dominical "Fantástico". As pessoas gritam "justiça" só na frente das lentes das câmeras. E com um sorriso no rosto. Por todos os lados, cartazes do tipo "Mãe, tô na Globo!". Um vendedor de algodão doce se diz emocionado. E vai faturando. Um homem diz que sua aposentadoria não cobre seus gastos vestido de anjinho. E sai num carro superior que os populares.